domingo, 16 de novembro de 2008

Interacção presencial vs. Interacção virtual

Temos vindo a desenvolver competências e adquirir conhecimentos que no nosso universo não seriam possíveis, não fora a existência do ensino à distância / modelo pedagógico virtual online.
Independentemente dos motivos individuais que nos trouxeram a estar reunidos neste “espaço”, existem factores comuns a todos. O estudante do ensino a distância, caracteriza-se especialmente por ser adulto e:

• tem um autoconceito amadurecido, que lhe permite ser menos dependente dos outros e mais autodirigido;
• é, por norma, um indivíduo com experiência de vida, o que constitui uma fonte potencial de aprendizagem;
• está predisposto a aprender, se a aprendizagem for orientada para tarefas de natureza social, e não responde tão bem como uma criança ou um jovem a actividades orientadas para o desenvolvimento;
• prefere abordagens centradas na resolução de problemas e não nos conteúdos, isto é, sente-se mais motivado por matérias que possam ser aplicadas a curto prazo;
• tem uma motivação sobretudo intrínseca, sendo susceptível de responder de forma menos positiva a estímulos externos.“[i]
E coloca-se a questão de como se processa a construção do conhecimento do estudante online e a Distância.
“Gunawardena e colegas (1998) desenvolveram um modelo e esquema de codificação para a interacção online com cinco fases de construção do conhecimento:
1. Partilha /comparação de informação;
2. Descoberta e exploração da dissonância ou inconsistência entre ideias, conceitos, ou
afirmações;
3. Negociação de significado/co-construção de conhecimento;
4. Teste e modificação de sínteses propostas ou co-construção; e
5. Afirmações de acordo / aplicações de significados recentemente construídos.”[ii]
Constatando que raramente os estudantes ultrapassavam o segundo estádio.
Sendo que esta questão torna-se por demais relevante no nosso modelo aprendizagem, tanto mais que os investigadores consideram

... que nos estudantes passar de um discurso de partilha e de explicação para a construção do conhecimento é um processo fugaz em turmas online”.[iii]
E que
“Os alunos estão dispostos a partilhar ideias, mas não a desafiar o conhecimento uns dos outros ou a pressioná-los para um entendimento mais profundo.”.[iv]
Retomo a questão: - Passarão, de facto, os alunos do ensino / aprendizagem tradicional / presencial para os estádios seguintes?
Tentando “transportar” o nosso ambiente virtual para uma situação presencial, não consigo encontrar muitas diferenças do que seria uma sala de aulas e não vislumbro que se conseguisse ultrapassar o segundo estádio única e exclusivamente porque estivéssemos e / ou porque o professor e / ou tutor pudesse encontrar outras saídas mais imediatas para mais rapidamente incentivar o pouco participativo, ou mediar uma dissensão.
Os factores que constituem a distância transaccional, em ambientes online, também surgem no ambiente presencial. Existem alunos que preferem o curso muito mais estruturado, com menor diálogo, continuando a serem autónomos. Além da heterogeneidade da turma, das componentes sociais, culturais, etc, existem e “estão lá”, tal como numa, vulgo, sala de aula normal.
O esforço que a comunidade educativa emprega no desenvolvimento de meios tecnológicos para a prática de um modelo de ensino colaborativo online, na expectativa de um crescimento partilhado de conhecimentos e saberes, tem sido deveras extraordinário. As possibilidades oferecidas pelos meios de comunicação, informação e tecnológicos são imensuráveis e com uma potencialidade que se poderá revelar extraordinariamente vantajosa para o ser humano. Mas, a minha questão, mesmo correndo o risco de surgir generalista, quiçá simplista, mantém-se: - Estará o ser humano preparado para tal partilha? Estará o ser humano preparado para verdadeiramente mudar os seus conceitos?
A título de encerramento do tema, pergunto auto-reflexivamente:
- Quantos de nós ainda se lembra de, durante os vários tempos de formação que teve ao longo da vida, quer fosse formal ou não, concordar com o que se disse (ou escreveu) apenas porque era de facto o que se esperava que se dissesse ou escrevesse.
- Quantos de nós não exprimiu a sua verdadeira opinião por recear prejudicar de alguma forma a sua “performance” avaliativa, no presente e no passado?
- Assim, seremos muito diferentes hoje do que fomos antes?
- Conseguiremos ou conseguimos retirar o que de melhor cada tempo histórico nos presenteará ou presenteou?

[i] J.Vermeersch (coord.). (2006). Iniciação ao Ensino a Distância, Brussel, Het, Gemeenschasonderwijs. pp. 42
[ii] Gunawardena e colegas (1998)in APRENDIZAGEM ONLINE NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA REVISÃO DA INVESTIGAÇÃO
SOBRE AS INTERACÇÕES ENTRE PROFESSORES E ESTUDANTES (1)
RAVEN M. WALLACE (2003) - (1) Raven M. Wallace (2003) - Online Learning in Higher Education: a review of research on
interactions among teachers and students . Education, Communication & Information,
Volume 3, Issue 2 , pages 241 – 280.
* Tradução provisória; poderá conter ainda algumas incorrecções estilísticas.
[iii] Ibidem, pp. 39
[iv] Ibidem

domingo, 19 de outubro de 2008

Comunidade e Colaboração On-line

Actualmente a linhas orientadoras para o estudo do conceito “Comunidade”, são baseadas principalmente na compreensão da interacção social e a colaboração em ambiente virtual, na utilização da tecnologia ao dispor como ferramenta facilitadora de comunicação e colaboração e no global envolvimento de investigadores na concepção de cursos on-line (Riel, 1996; Bonk & King, 1998; Koschmann, 2002).

Investigadores consideram que sendo a aprendizagem uma actividade social, situada e colaborativa e havendo as tecnologias como recurso para o alargamento da colaboração, o normal será que o exigido no futuro seja muito mais que uma simples apresentação dos respectivos recursos de aprendizagem, facilitando a discussão e moderação das matérias, possibilitando o surgimento de uma verdadeira comunidade de aprendentes, num ambiente de aprendizagem e ensino colaborativo on-line.

Sendo o ser humano, um ser essencialmente social, cedo surgiram o interesse e os estudos da postura comportamental dos utilizadores on-line.

O universo de participantes on-line não-formal que tem vindo a ser estudado é de natureza diferente do universo on-line formal, actualmente em construção e desenvolvimento. Estas diferenças dizem especialmente respeito às motivações de participação dos aprendentes, à durabilidade dos cursos on-line e aos objectivos pretendidos. No entanto, não deixam de ser importantes linhas guia para os estudos e investigações sobre as novas comunidades on-line de aprendizagem formal que têm vindo a surgir.

Actualmente a linhas orientadoras para o estudo do conceito “Comunidade”, são baseadas principalmente na compreensão da interacção social e a colaboração em ambiente virtual, na utilização da tecnologia ao dispor como ferramenta facilitadora de comunicação e colaboração e no global envolvimento de investigadores na concepção de cursos on-line (Riel, 1996; Bonk & King, 1998; Koschmann, 2002).

Os termos comunidade, colaboração e ensino formal encontram-se frequentemente inseridos nos mesmos capítulos. Como que apelando à construção de um conceito, apesar da “involuntarização” e da sua curta existência. Nos cursos on-line, é à colaboração que é atribuído o ícone da comunidade, e esta definida como resultado de colaboração, integrada na razão social do individuo. Desta forma, poder-se-ia deduzir que uma comunidade surge pelo facto de existir colaboração entre os seus actores. Pois, colaborar implica à partida participar e cooperar com outrem. Logo, a conotação social atribuída à aprendizagem cooperativa envolvida nos temas escolhidos pelos actores do seu grupo implica discussão e para que esta surja cada comunidade terá de se alicerçar em práticas pedagógicas firmes e adequadas a esta era virtual que será o futuro de todos nós. Logo da nossa educação.